segunda-feira, 29 de março de 2010

Via



Espera! Não te excites...
Não vês que o dia está tão calmo
que até o teu cão dorme profundamente
enroscado aos teus pés ?

Podes estar sentado no banco do jardim
sem sobressaltos; o tempo está ameno e
aqui e ali, de ramo em ramo,
pequenos pássaros soltam píus e dão-se
a uma juvenil brincadeira de toca-e-foje.

E repara que há mais gente
passeando calmamente pelas veredas, ouvindo
também os pássaros e sorrindo
da sua brincadeira.

Toma uma decisão !

Transporta toda essa calma para dentro.
Ocupa o teu banco de jardim que está vazio,
põe as tuas aves também a brincar e a piar
faz uma festa aquele outro cão sem o acordar
e fica-te, sem mais nada,
a aguardar que as tuas plantas, na tua primavera
iniciem a festa do perfume.





quinta-feira, 25 de março de 2010

Orgulho


Ver o alargar firme dos teus passos,
a impressão clara das tuas pegadas,
o sentido recto da tua existência,
a firmeza solidária das tuas mãos,
o sentido corajoso do teu pensamento.
a clara assunção das tuas raizes.

Por isso hoje o sol te brilha
e a lua te embalará.

E tudo apenas por ti
como que numa tradição maldita
de que todos nos orgulhamos.


Um beijo, filho!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Irene Sendler - este poema podia ter-lhe sido dedicado

irena5.jpg (258×373)

Hoje não canto as núvens verdes
constato outras verdades
não me perfura o peito o grito alegre
de que o céu é azul e o homem pode ser branco.

Hoje sinto dentro do peito
uma mão férrea que me esmaga o coração
pergunto a mim próprio
como foi possível a noite em pleno dia.

Hoje como nunca, talvez por ignorância,
acuso as páginas que mancharam a História
acuso o homem como Ser
que como carrasco tentou entrar na glória.

Sim, hoje, como nunca até agora
recordo Albert Schweitzer e Martin Luther King
hoje que como homem me envergonho
de Majdanec, Belsen, Treblinka e Auschwitz.

Hoje de verdade não grito as núvens verdes
nem os alegres campos nem o alto dos planaltos
hoje não canto nada que seja humano
e não cantarei enquanto houver recordação.

De Coração na Mão - Ed. Autor - 1978

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dia do Pai (além dos outros 364)

Tinha 11 anos e o desgosto da perda ainda recente do pai .

Nessa altura já escrevia os meus versos, fundadamente, tristes.
Mas hoje é Dia do Pai!
E em jeito de homenagem minha, eu que já sou avô :
Hoje Te recordo, mais de 50 anos passados, com os 4 primeiros versos de um poema que te era dedicado, escrito em 6 de Junho de 1959.

"Oh! Pai, sempre te amei
Sempre gostei de ti
Agora ainda mais te amarei
Mas já não estou ao pé de ti."

E o que é verdade Paizinho, continuo a amar-te apesar da distância e do tempo.

terça-feira, 16 de março de 2010

Sentimento






...pintar um poema
   escrever uma tela
   e sentir que se é ouvido...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Uma ave

que só pode voar...